Os enormes espaços da solidão
Neste quarto,
Imenso casarão,
leio só.
Leio minha vida e acho seus instantes idos,
uns livres, outros nem tanto.
Ermitão, sou, sem nenhuma solidão,
apenas pequeninas faltas,
que por serem muitas,
ajuntam-se no peito cheio de saudades
e, agigantadas, me cobrem de espanto,
porque posso morrer só,
sem dizer a última palavra aos que mais amo.
Amei a vida mais que a mim.
Sou assim: alegremente triste,
tristemente alegre,
sentindo a febre que não mata,
mas acama.
Neste casarão, basta-me um quarto,
um par de roupas e um abraço.
Tudo ficaria melhor do que o dinheiro
e o desespero de, verdadeiramente,
não ser livre.
Poema inédito (26/01/2019)
Paulino Vergetti