SIMBIOSE DO ESTAR SÓ
Viver na pobreza é bem mais salutar do que estar só.
A solidão é um precipício profundo, é um túnel sem luz.
É um reino onde o silêncio é majestade, sem súditos.
Parece uma jaula que, embora dourada, é sempre prisão.
A única esperança é a possibilidade de conversar a sós
Consigo mesmo, o que, com o passar do tempo, é tédio...
O isolamento tapa ouvidos, freme lábios, atrofia a boca
E, membros como braços e pernas, utilizam as muletas...
O pecado carrega sua penitência; o solitário, sua loucura.
É necessário de usar a palavra, dialogar com a divindade,
Porque Deus não ouve caso se fique calado, é blasfêmia!
Se houver amor e aguardente, nada se sente: é o caos!
Quiçá seja melhor enterrar-se de uma vez, virar semente!
Não há como fazer dos ouvidos assaz surdos à estupidez,
Pois, neste caso, o estúpido é o solitário que aboliu o dom...
Em casos assim, a grama do vizinho será sempre verde...
Não há nostalgia, se houvesse, a morte seria um prêmio!
Por isso, repito, a pobreza é melhor que viver em solidão.
Bastantes ricos vivem sós: para que serve sua fortuna?
Para estuprar sua consciência e decompor a fatalidade!!!
DE Ivan de Oliveira Melo
POEMA INSPIRADO NA SABEDORIA POPULAR MEXICANA.