Retrato
Como um sopro do vento
Que a vida insiste em soprar.
Um sonho que vira uma cena
Que se repete em passar
Um sol que desponta em mim
Um laço que aperta em meu peito
Ou um beijo longo, sem fim
Saudade do que não foi feito.
Pedaços, pedaços, vestígios
Um talvez, quem sabe, sei lá
Certa de tudo, de tudo que sonho
Incerto, incerto meu concretizar.
Sou eu em todos os eus
Todos os eus fazem meu eu.
Sou o porém que aqui ficou
E que no tempo logo se perdeu
Mas há quem me ache no infinito
Há quem me ache perdida de mim
Há quem me encontre no labirinto
Que é como me sinto, sinto-me assim
Assim tomei para mim esses tesouros
O que eu não tinha e o que eu ganhei
Roubei o brilho, a luz e o fogo
A calma, o grito, a flor e guardei
Guardei dentro de mim o que eu quis
O que não quis, ainda refaço
Porque sou eu pedaços de ontem
E o que vejo no espelho é o meu RETRATO.