LÃ MENTIROSA

Enovelei o desejo de ser pai.

Conheço a linguagem do não ser

Lançada neste livro imaginário,

Que destricoto por não ter dado certo.

Deixo então este legado miserável

De palavras sobre palavras vazias,

Como quem conta pontos de tricô

E se perde na contagem e se esquece.

Há sempre aquela voz a bradar :

"Isso, o que você sente, não tem importância!"

O novelo torna-se brinquedo de gato,

Simula ali rato: Linha de lã mentirosa.

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 06/01/2019
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