A Hora do Lobo

Olhei pra fora e o sol baixava

No meu lúgubre recanto

Meu espanto já expressava

A liquidez de minha vida

Que fizeram de mim?

Outrora alma destemida

Hoje, panaceias vencidas

Para angustias sem fim

Que me trazem as marés futuras?

Terei pra sempre noites assim?

Como prever as agouras,

Se chorando por Abel, ri por Caim?

Mas a grande e inexorável questão:

Beberei da cicuta, ou cheirarei o jasmim?