SAUDADE ATO DEZ

Procurei você em sonhos, pernas doídas,

encontrei-te à noite onde longe surgiam gritos.

Depois transpus muros atrás do rastro de balas,

por seu amor que desconhecia nome e ritos.

Nas igrejas vi a oferta de pernas plásticas,

eram gratidões no altar dos milagres

não ofereci nenhum manequim inteiro,

corpo de homem que venceria as apáticas.

Sobrou-me o tempo, um martelo de retinas secas,

que soube me soltar do máximo desastre,

esquecimento e seu inútil ventre.

Minha alma de mulher está presa,

mas não há hímen, apenas o retrato

da lágrima guia que consumará o ato.

Do livro:"Amor por força da lembrança"

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 02/12/2018
Reeditado em 02/12/2018
Código do texto: T6516935
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