O Rio das Piranhas

Sentado numa pedra eu olho para longe,

Observando as ondas do mar procuro o horizonte,

Busco na imensidão do oceano a felicidade que perdi,

E só acho das águas rasas ao fundo do mar tudo aquilo que sucumbi.

Imagino que meus sentimentos são peixes levados pela correnteza,

Destinados ao mesmo lugar, um caminho de tristeza,

No fim do rio as piranhas comem os peixes como presas,

Assim me sinto neste ciclo da natureza.

Tudo aquilo que defendia se tornou meu maior inimigo,

Imagina amar alguém e no final ser traído.

Sem dó nem piedade ser enganado por anos a fio,

De alguém que nunca imaginaste ter esse feitio.

A depressão te faz entrar em um mundo sombrio,

Onde só consegues te imaginar no vazio,

Trilhando um caminho hostil,

Andando sobre uma estrada que no fim está seu covil.

Seu covil és o grande fundo do poço,

Onde entras e dificilmente sais,

Onde suas mágoas e suas próprias lágrimas te afogam sob teu pescoço.

Muitas vezes nem percebes, só simplesmente cai.

É muito fácil cair no caminho do desalento,

Como um sabonete que escorrega de tua mão,

Solidão é o teu único sentimento,

Se abaixas para o pegar e nunca mais sai do chão.

É um buraco negro que te suga para o nada,

Na infinitude do oceano continuo procurando o fim disso tudo e só acho o desdém,

Nesse mesmo caminho hostil a tua sombra é teu camarada,

E depois de tanto sofrimento aprendi a não confiar em ninguém.