A Cara do tempo a olhar o espelho.

Perdidos no tempo e no espaço

Só reflexos de espelho

A água evapora

A nuvem cresce

Uma nova notícia na porta de casa

Só agora se sabe do prazo

Apesar do tempo ter asas

Não voa e jamais envelhece

O que destoa é viajar com ele

E nunca mudar em nada

Sempre aquela vibração tão boa

da cadência do som

Em que soam as cordas do tempo

Momento a momento

Um dia a gente, que estava à toa

Fatalmente acorda

E percebe que o tempo envelhece

Friamente, a cara do espelho

A nuvem de chuva caiu

Fim de tarde

Horizonte vermelho

Abelhas rainhas

Foram minhas todas elas

O Sol se põe por trás

dos montes de notícias

Que batiam-me à porta

Eu lia o jornal

Mas jamais atentei pro resumo

MIsturado e torto

O compromisso era comigo

Meu abrigo, meu rumo

Não ligo e não brigo

Nem tenho nada com isso

Assim me acostumo

A olhar

Ver cara do tempo

A cada vez que eu o olho

mais moço

E sem nenhum alarde

Conforme convém-me

devido a ser tão tarde

Agora

Sabê-lo antigo

Molhar-me na chuva

Minha única amiga

Até que o próprio espelho

Que muda, qual cor do cabelo

E sem reclamar pra ninguém

Finalmente acatar-lhe

Assim como eu faço

Os conselhos, de vez em quando

Tendo, enfim, me encontrado

No espaço e no tempo.

Edson Ricardo Paiva.