A solidão do poeta
Se você julga o sucesso pela superfície
É porquê não vistes as madrugadas banhadas às lágrimas
E nem percebeu que vesti a dor com minhas roupas
E nem percebeu que eu maquiei a solidão
Pintei de vermelho a boca do vazio
e deliniei os olhos da sua ausência
Escrevi uma poesia como bálsamo sobre a dor
Saí a sorrir impulsionada pela força do universo
Pois força não havia em mim
Eu que sonhei com os melhores anos os vi passar a sua espera
Tentei construir edifícios enquanto passavam invernos e primaveras
Eu briguei com meu coração dizendo:
Vai valer a pena
E os meus olhos sonhadores adormeceram
E não sentiram a doçura da sua boca
Nem seus dedos gentis me tocarem
Para me afagar das dores
Eu sou poeta
E sofro
E essa é a minha sina
Encontrar desenhos em nuvens
E colorir as paisagens enegrecidas
Vou seguir poetizando
E sorrindo do jeito que der
Pelo menos eu tenho Deus no céu
E um dia
Eu o verei
E esta missão de sonhar e escrever
Enquanto eu a solidão estava a me acompanhar
realizei