QUARTO NEGRO
No breu do meu quarto o único ponto de luz é o stand by da TV
Na solidão, no silêncio, na escuridão
Tentando combater o medo, as neuroses, as incertezas
Dissecando sentimentos, mastigando opressão
Na dor de um silêncio, palavras cravam a pele
Unhas penetram na carne fria de uma noite quente
A noite a solidão ataca ferozmente como um leão faminto
Na savana dos desejos reprimidos e gritos presos na garganta
As entranhas do meu corpo se rebelam estranhas entre quatro paredes
Sem redes conectadas, sem sistemas políticos pós apocalípticos
Sem cafés cibernéticos, sem grupos esotéricos
Amanheceu, abro a janela, o sol está tímido, coberto de nuvens cinzas
Me olho no espelho, ele reflete a minha imagem turva, curva,
anti metamórfica, abstrata em tons tristes
A tarde não teve pôr do sol, a chuva fina engoliu o crepúsculo
Luzes de fogo invadem o céu que é meu peito
Tempestades de areia inundam meu coração
Formando muralhas de concreto
A noite com o céu estrelado as luzes iluminam a solidão das ruas
Meia-noite, apago a luz e me reencontro com a escuridão
a solidão e o silêncio
Sozinho no escuro, calado, medito!