QUARTO NEGRO

No breu do meu quarto o único ponto de luz é o stand by da TV

Na solidão, no silêncio, na escuridão

Tentando combater o medo, as neuroses, as incertezas

Dissecando sentimentos, mastigando opressão

Na dor de um silêncio, palavras cravam a pele

Unhas penetram na carne fria de uma noite quente

A noite a solidão ataca ferozmente como um leão faminto

Na savana dos desejos reprimidos e gritos presos na garganta

As entranhas do meu corpo se rebelam estranhas entre quatro paredes

Sem redes conectadas, sem sistemas políticos pós apocalípticos

Sem cafés cibernéticos, sem grupos esotéricos

Amanheceu, abro a janela, o sol está tímido, coberto de nuvens cinzas

Me olho no espelho, ele reflete a minha imagem turva, curva,

anti metamórfica, abstrata em tons tristes

A tarde não teve pôr do sol, a chuva fina engoliu o crepúsculo

Luzes de fogo invadem o céu que é meu peito

Tempestades de areia inundam meu coração

Formando muralhas de concreto

A noite com o céu estrelado as luzes iluminam a solidão das ruas

Meia-noite, apago a luz e me reencontro com a escuridão

a solidão e o silêncio

Sozinho no escuro, calado, medito!

ALDEMIR LAURENTINO
Enviado por ALDEMIR LAURENTINO em 03/11/2018
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