Verbo transitivo
E de amor eu não morro
mas de amar, já não garanto.
O verbo transitivo me esgota o passo
A solidão das horas é meu acalanto.
Vadio percorro o mundo
sem sair de minha sala.
Entoo um canto.
Sem voz, me desespero.
(O som é minha alma, o eterno)
Onde estará que não a encontro?
Procuro no infinitivo
o amor sem gerúndios
e sigo transitivo os meus prelúdios.
O impossível me cala a alma.
De amor eu não morro, mas de amar,
enquanto busco o infinito, me vejo sozinho.
Em estrada movimentada, não vejo nada.
Na rosa branca e gentil só vejo o espinho.
A solidão que aflora - lá fora
de modo oblíquo me acompanha.