Literatura Morta

Sentado pelas margens de um riacho

Admirando o crepúsculo carmesim

Confiando minha vida em devaneios passageiros

Quando minha agonia demora a esvair

Nunca disse não ao que precisastes

Conformei-me de perder metade de meu caminho

A outra a neve fira escondeu

Labirintos de lembranças usurpam minha sanidade

Estou a um passo de voltar atrás

Quando fecho meus olhos e sinto sua pele

Sou um andarilho negado a poder dormir

Tento me controlar porem nada é real

Preso a uma cadeia de desilusões

Medo congela meu ultimo suspiro

Ao pé do último jardim da primavera

Trancafiado em um mundo de cristal

Paredes de espelho mantêm-me só

Meu coração bate o ultimo tic-tac

Os ponteiros se cruzam para sempre

Uma estatua de mármore aos pés da redenção

Uma alma selvagem que não conhecera o perdão

Um pôr-do-sol sem sua aurora divina

Um livro sem capa ou conteúdo

O caminho escondido pela neve nunca mais aparecera

Os espelhos partidos espalhados pelo cosmos

Uma canção solitária quando o sol nunca brilhar

Um lobo sem sua matilha que não conhecera o amor

Marcos Ses
Enviado por Marcos Ses em 10/09/2007
Código do texto: T646770