bendita sejas solidão

Isolada mas não oculta

Queda mas não pacífica

Cautelosa mas não acanhada

Reservada mas não nublada

Distanciada mas não desunida

Racional mas não ausente

Isolada mas não retirada

É assim a minha solidão

Momentos em que cogito

Num encontro singular

Num qualquer lugar

Cujo silencio me acolha

E apenas porque é nele

Que se acoita o dever

De a uma alma acolher

Quando a solidão reclama

A meditação que aclara

Um tempo em que a chama

Precisa ser ateada.

E sozinha quieta calada

Num silencio que me ausenta

De distúrbios e desagrados

Sem perder a minha voz

Que essa nunca é calada

Sem perder o meu juízo

Que esse está atinado

Encontro a paz serena

Que me ajuda ao reencontro

Com o mundo em alvoroço

E que me tem ausentado

Do que à minha volta se passa.

Porque envolta na poesia

Esse meu encanto primeiro

E dum permanente dilúvio

Que explode dentro de mim

Que julgo nunca ter pausa

Que me inquieta e desassossega

Mas que é a minha calma

Então quero ficar na calada

Das noites do meu sossego

Porque a solidão é precisa

(Eu sei há quem a maldiga).

Porque nos faz acordar

Para o mundo em que vivemos

Do qual tanto nos ausentamos

Apresadas às paixões

Que é nosso linimento

E o frio cruel inseguro

Mundo que nos rodeia

Tão cheio de padecimento

De tanta desigualdade

E de tanta maldade.

Acaba no enfastiamento

E quebra-nos a vontade

De T, ta

2007

Tetita ou Té
Enviado por Tetita ou Té em 09/09/2007
Código do texto: T644662
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