silenciosos desesperos

é setembro,

o ano caminha rápido no calendário

mas os dias passam lentos,

as horas arrastam-se intermináveis dentro do quarto,

e todo esse tédio me causa sede, suores, anseios,

silenciosos desesperos;

com estranheza ando pela casa,

com receio toco os objetos,

são de seda as longas cortinas azuis

e fria a fina parede de branco gelo,

lá fora chove;

eu poderia escolher uma saída breve,

a tv o celular, cervejas e cigarros,

bebidas mais fortes, pessoas...

mas talvez não desse certo,

talvez não seja o que eu precise,

meus receios não me permitem acreditar em nada disso;

acato

meus medos e devaneios

fazem-me ficar parado em frente a janela,

mantém-me petrificado observando a insesante chuva;

eu não sei para onde ir,

eu não sei o que fazer,

talvez eu não devesse pensar tanto,

talvez eu devesse ficar aqui

envolto a essa luz pálida,

em dúvida com essas más escolhas,

resignado;

acato

e em meio a essa minha metamorfose confusa de sensações

permaneço estático em frente a chuva,

vendo os cílios úmidos,

os pingos atingirem o vidro,

o vasto e tempestuoso crepúsculo,

o mundo.

Tomb
Enviado por Tomb em 08/09/2018
Reeditado em 08/09/2018
Código do texto: T6443259
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