silenciosos desesperos
é setembro,
o ano caminha rápido no calendário
mas os dias passam lentos,
as horas arrastam-se intermináveis dentro do quarto,
e todo esse tédio me causa sede, suores, anseios,
silenciosos desesperos;
com estranheza ando pela casa,
com receio toco os objetos,
são de seda as longas cortinas azuis
e fria a fina parede de branco gelo,
lá fora chove;
eu poderia escolher uma saída breve,
a tv o celular, cervejas e cigarros,
bebidas mais fortes, pessoas...
mas talvez não desse certo,
talvez não seja o que eu precise,
meus receios não me permitem acreditar em nada disso;
acato
meus medos e devaneios
fazem-me ficar parado em frente a janela,
mantém-me petrificado observando a insesante chuva;
eu não sei para onde ir,
eu não sei o que fazer,
talvez eu não devesse pensar tanto,
talvez eu devesse ficar aqui
envolto a essa luz pálida,
em dúvida com essas más escolhas,
resignado;
acato
e em meio a essa minha metamorfose confusa de sensações
permaneço estático em frente a chuva,
vendo os cílios úmidos,
os pingos atingirem o vidro,
o vasto e tempestuoso crepúsculo,
o mundo.