Ela outra vez

Lá está ela

Sentada

Outra vez

No mesmo lugar

Novamente

Há dias...

Na mesma creperia

A caneca

E a garrafa de cerveja

Suas fiés companheiras

Já tinha notado

A mesma cena

Há um ano atrás

O que será que houve?

Me perguntei

Achando estranho episódio

O que levaria uma pessoa

A frequentar o mesmo lugar

No mesmo assento

A mesma caneca

A mesma cerveja

E o detalhe

O fone de ouvido

Para que serviria?

Para não mais escutar

Os ruídos que o mundo faz?

O mesmo olhar

Baixo e estático

Congelante

Me chamou a atenção

Senti um mal estar

Ali estava ela

Outra vez...

Talvez perdera seus sonhos?

Algum amor impossível?

Alguma desilusão?

Que aflição!

Por um momento eu quis

Que ela estivesse

Em meu lugar

Nem que fosse

Por 1 minuto apenas

Para que pudesses

Voltar a enxergar

A beleza das cores

E a formosura das coisas

Que derretesse

Num amor quente e jovial

Que notasse a beleza que é

Um botão de rosa se abrir...

Ela já conhece seus espinhos

E está tudo bem.

Mas isso é impossível

Eu bem sei

Mas eu acredito

Em milagres

Um dia

Espero voltar a creperia

E quem sabe talvez,

Não mais dizer

Olha ela outra vez!

Cristal Castro
Enviado por Cristal Castro em 02/09/2018
Reeditado em 02/09/2018
Código do texto: T6437610
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