Ela outra vez
Lá está ela
Sentada
Outra vez
No mesmo lugar
Novamente
Há dias...
Na mesma creperia
A caneca
E a garrafa de cerveja
Suas fiés companheiras
Já tinha notado
A mesma cena
Há um ano atrás
O que será que houve?
Me perguntei
Achando estranho episódio
O que levaria uma pessoa
A frequentar o mesmo lugar
No mesmo assento
A mesma caneca
A mesma cerveja
E o detalhe
O fone de ouvido
Para que serviria?
Para não mais escutar
Os ruídos que o mundo faz?
O mesmo olhar
Baixo e estático
Congelante
Me chamou a atenção
Senti um mal estar
Ali estava ela
Outra vez...
Talvez perdera seus sonhos?
Algum amor impossível?
Alguma desilusão?
Que aflição!
Por um momento eu quis
Que ela estivesse
Em meu lugar
Nem que fosse
Por 1 minuto apenas
Para que pudesses
Voltar a enxergar
A beleza das cores
E a formosura das coisas
Que derretesse
Num amor quente e jovial
Que notasse a beleza que é
Um botão de rosa se abrir...
Ela já conhece seus espinhos
E está tudo bem.
Mas isso é impossível
Eu bem sei
Mas eu acredito
Em milagres
Um dia
Espero voltar a creperia
E quem sabe talvez,
Não mais dizer
Olha ela outra vez!