Estranhos
A estrada ficou tão silenciosa,
nenhum carro, nenhum grito, nenhum som,
olhando por sobre os prédios,
um tapete de veludo iluminado,
pessoas solitárias em seus apartamentos,
famílias aprisionadas suas rotinas,
casais tentando manter acesa a chama do amor,
gatos, cachorros e passarinhos entre as frestas,
todos olhando para o céu em busca de estrelas,
de pedidos e desejos que possam se realizar,
quando o tempo passa e não há como regredir,
apenas sentar e ver-se envelhecer,
as lágrimas descendo por rostos tristes,
trabalho, estudo, a automatização das capitais,
o som do vazio rangendo os dentes em cada esquina,
tentando iluminar a escuridão que jamais se acende,
querendo novas chances para uma nova vida esta noite,
quando só há ilusões partidas e despedidas perdidas,
de vozes caladas, beijos suprimidos, amores mal ditos,
interceptando pedidos de socorro ao léu,
sendo estranhos de nós mesmos,
esperando uma carta que traga em si a salvação...