Asas de ferro
Há quanto tempo ando em círculos?
Há quantos dias procuro um sentido?
Olhando sobre meus ombros,
tateando por respostas no destino,
tropeçando em cada passo como um cego,
essa infinitude que me cai nas costas,
asas de ferro de um anjo amaldiçoado,
perdido entre delírios e sonhos,
nas lágrimas de uma ausência completa,
essa solidão de um cosmos vazio,
um universo de silenciamentos,
dedilhando um solo de um violão triste,
esperando um chamado de qualquer lugar,
quando a eternidade que me mantêm aprisionado...
Há quantas luas me vejo pender entre o certo e o errado?
Há quantas estações sufoco meus sentimentos?
Tremendo no inverno de abandono,
queimando no verão de vaidades,
indiferente no outono das verdades,
enebriado na primavera dos desejos,
meu sangue ferve em veias congeladas,
meu espírito anseia pela liberdade dos mortais,
mas minha eternidade é um moinho de tempestades,
tornando-me um arauto de maus presságios,
enquanto fujo de minhas próprias ações,
e me equilibro na borda de um arranha-céu,
da queda que parece nunca terminar,
para retornar ao início de angústias e inquietudes...