Toda a Verdade
Selada a sete chaves
A boca fechada
As mãos, me cala
A boca fechada.
Selada a sete chaves
esquecida, de tão guardada, mas
Olhos cerrados
por dentro enxergam
Toda a Verdade.
Pudera eu
abri-la.
Pudera eu
livrar-me
desse beijo maldito
eterno
nefasto
perverso
mantido em meus lábios
(o gosto é de sangue)
enquanto encerro em mim
(enquanto encarcero a mim)
Toda a Verdade.
Pudera eu, em direito
abrir Toda a Verdade
Como uma flor na primavera.
Pudera eu, pudera eu
abrir a verdade
sem perder as pétalas, sem perder
minha própria Felicidade.
Pudera eu, pudera eu
ser livre... E não mais omitir
não mais mentir
não mais guardar
os lugares onde meus pés infantis
percorreram sem saber...
Perigosos lugares que meus pezinhos infantis
percorreram sem saber
que perigo corriam.
(Era por curiosidade...)
Quisera eu afirmar com propriedade,
pudera os outros desculpar-me.
Pudera eu ter forças e trazer em som
do oceano aos céus
aos sete cantos
(a sete chaves)
Toda a Verdade...