Samba noir
As nuvens negras no céu extinto olham pela janela, caindo como inferno em um sonho envolvido em medos. Bailarinos sambam sob o aguaceiro, abraçando as gotas de chuva, em um conjunto charmoso de claves e cordas tristes. Os corações, envoltos na escuridão, atiram com o ritmo, explodem o silêncio com uma luta, queimam a rotina até as cinzas. Não tenhas medo, sobe no palco de noites longas, verás que o mundo louco, sem raios, estará mais perto. Os ecos despertos sussurrarão uma senha secreta e darão uma dica sobre quanto tempo deve estar a desempenhar um papel sem sentido. O corpo, relaxado, absorverá o calor e o fervor, correrá corajosamente na multidão, quebrará o vidro das dúvidas. O tempo gira no tubo de paixões insidiosas, a moral, cansada, dorme, as sombras voam para cima ao longo das paredes. O disco canta sobre um tapete preto e branco, uma lágrima desliza, os relâmpagos geram trovões. Não te apresses para o amanhecer sobre a neblina, Oriente. Vestido em teu esplendor, talvez estejas sozinho.