Dias tristes
Os dias passam lisos,
como o shape de uma prancha,
no surf de um oceano triste,
salgando o gosto da vida,
paralisando movimentos,
fixando meu olhar no cais do porto,
para ir embora com nuvens cinza,
tentando encontrar alguma paz,
gotas de chuva no para-brisa,
sons de xícaras de café,
substituídos por copos da Starbucks,
gente correndo pelas avenidas,
não há muitos encontros,
vivemos uma solidão perpétua,
cada um com seu smartphone,
a Geração Y da pós-modernidade,
perdemos o sentido de direção,
olhos nos olhos apenas no passado,
tudo tão silencioso e perdido,
um frio que nos agarra em cada esquina,
tentando reescrever histórias antigas,
com lembranças que nunca se apagam,
tudo parece tão distante,
um céu escuro sem estrelas,
ruas vazias em cidades de gelo,
porque no final é tudo o que restou,
porque afinal é tudo que nós temos,
porque é simplesmente tudo que nós somos,
dentro de nós esse zumbido,
essa agonia que arranha a alma,
essa dor incessante que não desliga,
essa lágrima que não vira choro,
esse grito preso no fundo da garganta,
tudo, tudo, tudo que agora é nada...