No abismo
No abismo
Por Marcos Fernandes
No abismo
Não sou mais que nada
Um ponto perdido na estrada
Minha vida não tem valor algum
Vale menos bem menos que um celular
No abismo em meio a célula do abandono
Sou aquele sem horizonte
O sem ninguém
Zé ninguém Aquele a cada dia mais perto bem perto do além
Aqui não tem flores
Não tem plantas
Nem cachorro latindo
Não tem vozes amigas
Não tem comida
Não tem alegria
Não tem paz
Envolto na escuridão de meu mundinho sem cor
Vou vivendo o pavor
Dessa vida sem nenhum sabor
Sou pó
Sou nada
Não tenho nem a alvorada
Nem vejo a passarada
Porque na passarela da minha vida não tem luz e não tem brilho
Tudo é escuridão e muito frio
Palavras...
Palavras vazias que nada serve
Só eu sei a dor que sinto
O sangue a escorrer por minha obscura alma
Não tem vida em mim
Minha alma foi pra longe
Bem longe de mim
Minha alma foi embora
E me deixou sozinho aqui
Não consigo nem mais dormir
Com essa angústia a me oprimir
E essa dor a me reprimir
Quem sou?
A não ser um lixo que chora
Um saco de lixo descartável
Dizem que sou o templo do Espírito Santo mas sou bem menos que a sujeira da poeira
Sou um nada que chora, que sofre
Sou um abismo que nunca nem jamais encontrou a luz.