Terra infértil para a vida.

Eu vivo de memórias,

palavra de poder peculiar,

de só melhorar

com os anos acrescidos.

Um tipo de

vinho envelhecido,

bebo sem prudência,

até me atordoar,

ébrio de nostalgia.

E então, uma lucidez

temporária e, sempre,

temerária que segue

o desvario, onde põem

a luz da razão

na vida escura e

só,

fazendo exprimir o coração

em dor sensível derramada

pelos olhos cansados e

opacos pela

febrilidade

da alma atormentada.

Nessa efêmera sobriedade

da fuga do presente,

onde vivo cavucando terra

à muito assentada,

terra dura, mas próspera

e pródiga de amor,

remoendo-a desesperado

por felicidade vencida,

e um passado idolatrado,

pergunto-me:

Como construir um futuro

Se a terra a qual piso

está sempre remexida ?