CINZAS
CINZAS
lá onde o mar é escuro
lá onde não chega o som do dobrar do sino
e do menino o choro muito menos
nem o coro de pássaros migrando
lá onde a tarde não declina
em campina de nuvens
sem céu azul ou prata
mata cerrada de solidão
lá está a mansa paz
que faz a brisa esvoaçar arisca
em faísca de pirilampos
e apagar teu canto
no desencanto das profundezas abissais
sem mais além do eco da escuridão
sem perdão para pedir
e sumir em cinzas
lá em mim onde o mar é mais escuro
Mírian Cerqueira Leite