Ao pó
A noite chega, eu fico só
A morte se aproxima e a minha última nota foi um dó.
Hoje a lua cheia, eu fico só.
Perdido na imensidão do meu quarto pequeno, o amor que inventaram, virou pó.
Hoje terminei um livro, eu fico só.
Engoli toda a solidão das páginas vazias e
Rápidas.
Caminho pelas ruas vazias pela manhã cinzenta, declarando guerra às horas insólitas, piso nas flores sem dó.
Hoje joguei fora o amor que inventei, fico só.
Cuspi no lixo tudo aquilo que não tinha e de repente me perdi.
Olhei para as árvores secas do inverno e elas sorriram, e o vento frio entrou pelo meu nariz e me abraçou...
O meu pulmão vazio e simplório sentiu o que não existe, só a frieza da imensidão do meu quarto, eu fico só.
Fico só....
Ao pó, de volta,
De volta ao pó*...
* John Fante, de volta ao pó