Nenhuma razão para crer
Não há prazer maior que receber o seu espectro,
na vastidão dessa sala de solidões esquecidas,
abra as janelas e deixe o vento da manhã entrar,
por favor, conte-me o que andastes fazendo,
por favor conte-me o que andastes pensando,
por favor conte-me o que andastes sentindo...
Estou lhe perguntando, por favor, explique-me,
diga-me o que significa tudo isto para que eu acredite,
o amor já esfriou como uma chávena de chá no inverno,
a amizade já amarelou como uma antiga fotografia,
a razão se esvaiu como um vento bravio na tempestade,
então, por favor, conte-me qualquer razão para ainda crer....
Nesse jogo de esconde-esconde enfim aparecestes,
um fantasma a tomar comigo o cálice de um vinho,
admirando os primeiros raios de sol de um dia invulgar,
por favor, conte-me o que ensaiastes em frente ao espelho,
por favor, conte-me o que dramatizastes nos teatros da vida,
por favor, conte-me o que planejastes para esse encontro...
Estou lhe perguntando, por favor, justifique-me,
o sonho já esfumaçou-se na bruma da madrugada,
o carinho já perdeu seu caminho no labirinto das desilusões,
o ideal se despedaçou em milhares de cacos de cristal,
então, por favor, conte-me qualquer sentido para essa história...