SOMENTE MEU

A boneca era dela

Todos sabiam disso

A menina com firmeza a segurava

Enquanto a outra soluçava

E tinha outros brinquedos também

Que ninguém ousasse tocar

Ganhou-os, nem lembrava de quem

Mas era dela, e só dela.

Quantas vezes da amiga escondia

O que de bom consigo trazia

A outra desenganada sorria

Um profundo pesar sentia

Da menina que pouco sorria

E a tristeza que ela não sabia

Estava por vir um dia

E assim foi crescendo a menina

Que a boneca ninguém ousara tocar

De que lhe serve o brinquedo intácto

Sem histórias de amor pra contar?

É uma página de caderno em branco

Que o grafite não ousou rabiscar

Sem memórias de valor pra lembrar

A menina hoje chora sozinha

Relembrando a vida que tinha

O tempo que passa é água de rio

Na alma sente apenas arrepio

Não lhe importa o comportamento arredio

Não sente calor e não sente frio

O coração sem nenhum elogio

Vivendo no mundo um completo vazio

Uma tristeza de dar calafrio.

Paulo Roberto Fernandes
Enviado por Paulo Roberto Fernandes em 23/04/2018
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