Já não sei
Já não sei se trago no peito
um rio transbordante de emoções
ou um pássaro de asas cortadas...
Não sei se o tempo está cansado,
nem se as águas calaram as brisas
ou se as flores perderam o viço da cor...
Sinto no peito uma acalmia exasperante
margem de um silêncio que me cala,
enquanto o murmurar de palavras vadias
se atropelam no meu pensamento
e vagueiam perdidas pelos anseios
do meu chão de ilusões!
Ouço a chuva que copiosamente cai
inundando as fragas do meu tempo,
escorre pela vala da minha estrofe
displicente e impiedosa,
mergulha no meu mar inventado!
Continuo a sentir o silêncio no peito
talvez o mundo também tenha silenciado,
a chuva deixou de cair,
a fraga e a vala secaram,
as estrofes proliferaram,
somente o mar, o mar da minha imaginação
se revoltou em ondas de devaneio
indo beijar languidamente
as areias da praia
onde nasceu este meu poema