SOLIDÃO A DOIS

É ter alguém e não ter ninguém

É ver um vazio num espaço

E sentir falta do aconchego de um abraço

É ter alguém com quem falar

E não ter ninguém para conversar

É ter (aparentemente) uma família

E se sentir sozinho numa ilha

É ter alguém para dar e receber amor

E viver num mundo de desamor

É estar em meio a multidão

E sentir no interior uma inquietação

Que mexe com a mente e o coração

É andar angustiada pela casa

Intencionando voar sem ter asas

Muitas vezes, agindo feito louca

Querendo quebrar tudo

E até rasgar as roupas

O que adianta tanto conforto

Estar vivo, se sentindo morto?

É ver o anoitecer e o amanhecer

E ver a vida passar, sem perceber

É a ausência de tudo

Num mundo de surdo e mudo

Quando um fala e o outro não quer ouvir

Dá vontade de largar tudo e sumir

Pessoas que não se vêem e nem se tocam

Não se enxergam e nenhum carinho trocam

É a tal da solidão a dois

Onde tudo fica pra depois

E assim, a vida vai passando

Dois seres o mesmo espaço ocupando

É uma existência sem sentido

E um universo sendo destruído

Se ofendem e se desrespeitam.

Com atitudes que se estreitam

E assim, vão sobrevivendo nesse meio

Mas a Palavra de Deus diz:

Que a boca só fala

Quando o coração está cheio.

Sandra Leone

Sandra Leone
Enviado por Sandra Leone em 04/03/2018
Reeditado em 24/04/2018
Código do texto: T6270928
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