Sobre Tristezas e Sereias

Navegar no barco sereno da saudade

Sabendo que afundar

É tarefa primordial das ondas.

Por isso se tem lugar para um só.

Remar sozinho me leva mais longe

Ao topo mais calmo do oceano, talvez,

Assistir o sol morrer depois das seis.

Sim, navego em águas turbulentas

E sei que meu fluxo não tem direção.

No final das contas, afundei tantas vezes

Que submarino deveria ser minha embarcação.

E não uma canoa.

No fundo do mar eu caminho sem rumo

Danço com baleias

E me apaixono por sereias

Que partem seus corações

Todas as vezes que me vêem partir.

Elas tentaram me dar brônquias

Ao invés de pulmões,

Guardaram meu fôlego em uma caixa

Brilhante e redonda

Como promessa fiel de um compromisso eterno.

Disseram que minhas pernas não seriam problema,

Contando que eu ainda tivesse um coração.

Se ele é à prova d’água, eu não sei.

Mas já não bate tão forte

Pois meu pulsar caminha sozinho

E ele me diz toda manhã, bem baixinho

Que quer parar.

Eu poderia viajar livre

Por todos os mares

E ter um trono bonito

No fundo do oceano azul.

Devolver corpos naufragados

Aos amores que os esperavam retornar,

Por uma vida toda, quem sabe.

Esconder tesouros descobertos,

Caminhar sobre rochas magmáticas

Sem se preocupar com a possibilidade de ter os pés queimados

Pois o ígneo não fere mais do que os anos solitários

Que vivi acima das águas.

Aqui em baixo a saudade não existe

E eu posso encontrar um novo amor

A cada esquina.

O Não Poeta
Enviado por O Não Poeta em 14/02/2018
Código do texto: T6253574
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