Caixa em forma de solidão
O seu amar me prende em um porta-retratos empoeirado e cheio de teias de aranha
Sou amassado mil vezes em papéis de rascunhos
Com um rosto empalamado e um sorriso sem dente, olho para o nada
Ando pelo breu com pensamentos acinzentados de tristeza
E ao passar por jardins, as flores murcham e choram
O dia e a noite agora evaporam em meus dedos
Sou como um café frio, sem graça...
Sou como um disco de vinil querendo tocar em um aparelho de som moderno...
Sou como uma serenata de amor em um mundo que só priva a carnalidade...
Pareço mais um retrô num mundo contemporâneo
Estou sufocado pelo desprezo, e nem um cilindro de amor adiantaria
Respiro, inspiro, vou me colocando em uma caixa
Vazio e sem sentido, lá estou eu
Com minha vida compactuada à uma caixa em forma de solidão.