A vida em doses
Sentada numa mesa de bar enferrujada
Ela sorve a vida em pequenas doses
Amargas e doces
Como doses de Campari.
Seus olhos se estreitam quando o amargo
Lhe obstrui o paladar e o próprio esôfago
Nega-se a engolir.
Para depois a doçura assomar-lhe às papilas
Insultando o próprio cérebro,
Rindo da própria percepção do que é bom ou não,
Já que o fel, agora, mel lhe parece.
E a vida vai fluindo
Em doses pequenas e solitárias,
Naquela mesma mesa de bar
Enferrujada.