Bocejo
Não havia o que ser dito
entre o seu balançar dos pés
e o meu tique dos dedos.
Eu te olhava como quem via
do outro lado da sala,
enquanto você
estranhamente me olhava
- mas mais estranho era:
você estava era deitado em meu peito
O olhar arredio de canto de olho
que me davas, era como um balde
de agua fria.
Eu não sabia e nem queria
saber porque diabos
me olhava estranho,
me olhava como quem nem queria.
Continuamos, à distância:
você com seus pés
e eu com meus dedos.
Num átimo de segundo
quase nos odiamos,
entre poucos olhares
e muitos enganos,
ficamos ali, entregues,
entre tiques
e bocejos.