Bocejo

Não havia o que ser dito

entre o seu balançar dos pés

e o meu tique dos dedos.

Eu te olhava como quem via

do outro lado da sala,

enquanto você

estranhamente me olhava

- mas mais estranho era:

você estava era deitado em meu peito

O olhar arredio de canto de olho

que me davas, era como um balde

de agua fria.

Eu não sabia e nem queria

saber porque diabos

me olhava estranho,

me olhava como quem nem queria.

Continuamos, à distância:

você com seus pés

e eu com meus dedos.

Num átimo de segundo

quase nos odiamos,

entre poucos olhares

e muitos enganos,

ficamos ali, entregues,

entre tiques

e bocejos.

Larissa Maciel
Enviado por Larissa Maciel em 25/11/2017
Código do texto: T6181945
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