NÃO ME VEJO

De repente me olho e não me vejo;

Me procuro e não me acho,

Não me encacho,

Me escracho.

Fico perdido em meio ao ato de estar solto,

Solto ao léu, ao mel, ao fel e ao acaso,

Jogado a sorte, ao ser forte, fraco e ao acontecer;

Como folha seca caída ao lado, e soprada pelo vento;

Que leva e trás; vira e revira a folha seca que sou!

Olhos apáticos, me olham; me miram e se deixam perder de vista;

Olhos firmes, e quem sabe, até consternados por quem eu sou,

Mas, são olhos a me olhar; e ver o quão me procuro e não me acho.

Um fitar; um olhar, um pensar, e eu acordo;

Madrugada longa, dia curto, são minutos após minutos; a esperar...

Longa a insônia, maestral é o amanhecer e o seguir em busca de mim mesmo,

Encher-se de vontade, coragem, acreditar;

Romper com os nãos, estender as mãos;

E apenas olhar; ouvir, buscar no olfato o fato;

Degustar o perfume, saborear o que as narinas podem capitar;

Invadir pelos olhos, e sentir os olhos invadirem;

O pulsar clama, acende a chama;

O corpo chama, mas também reclama...

Não me vejo; e não me encontro e perdido estou.

Mestre Wilton
Enviado por Mestre Wilton em 15/11/2017
Reeditado em 15/11/2017
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