Mil Luas
Ele não te procura,
Não te atura
Ele não te conhece
Então não te merece.
É imaginação pura...
Pecado de usura.
Faça sua prece:
Pois o dia escurece.
Nas pétalas murchas
E nas folhas túrgidas
Até que a raiz seque
Os espinhos me ferem
Sob a luz de mil luas
Ouço canções cruas
Alguém não te esquece
Enquanto amanhece
Desertas são as ruas
Ainda, tão escuras
Mas tu me prometes
Que ainda me aquece
E que estarei segura
E que a promessa dura
E, a menos que se quebre,
Ela nunca envelhece.
Após duas mil luas
Já não sou mais sua
Pois a brisa do leste
Desfez-te meu mestre
Mas estava insegura
Ansiando pela cura
Que ninguém me negue
Aliviar esta febre
Procurando, porventura,
Um pouco de brandura
Para a mente que ferve
E o coração que se perde.
Errado é quem jura
Ao contrário de quem nunca
Não há nada celeste
Nem algo que preste
E essa canção surda
Da rotina que não muda
Do tempo, não espere
Que ele logo te leve
Não procure vida curta
Não pense que é muita
Ela é apenas uma breve
Profecia a quem pede
Vinte eras de mil luas