Metade do mundo
Metade do mundo
Horizonte reto
Águas salgadas e mornas
Areia bronzeada
Barro colorida sob o sol
Pedras marrons avermelhadas
Metade do mundo
A dois graus do equador
Vento subtropical
A soprar as lonjuras
De além mar
Metade do mundo
Sol focado acima
Noite instantânea
Entardecer sangrento
Lua e estrelas
Alfa centauro
A estrela dalva
Mistérios da metade do mundo
Calor da metade do mundo
A ponta de areia
A ponta da estrela do sul
Metade do mundo
Mundo inteiro
No leito do mar
Morno o sal de
Minhas lágrimas descansam
Paralisadas de tanta beleza
O vento sopra uivos,
Gemidos trazidos
Pelos franceses
O rebuscamento dos holandeses
E, por fim, a trama azulejada
Dos portugueses
Metade do mundo
Metade de mim
Cortada pelo equador
Cortada dos pulsos
Metade do mundo
Suicida
Mutilada
explorada
colonizada e esquecida
Metade das palavras
Sentimentos inteiros arquivados
Na infinita reta do horizonte
Pequenas ondas bordam
De renda o cenário
Metade do mundo
Santo dos santos
São Luís
Mágico e cigano.
Evoé poesias
Venham passear em
minh’alma.