Um poema sem faces
Debruçar a presença
Constante de tudo que não foi
Ao som do abandono
Traz outra vez, estéticas que a vida impõe,
E escorre entre os dedos, tardes inteiras
Recortando lados sem avesso
Discursos sem ouvintes
Teatros sem palcos nem endereço,
Sustentado versos nunca citados
Vindos lá de longe
Nos contornos da distancia
Onde os sonhos sobrevivem a quedas.
Mas os poucos versos que ainda
Me banham e atendem meu chamado
Já não respondem nem as minhas
Suposições mais bobas.
Ver o mundo em versos escritos em lágrimas
Torna os dias um pássaro solitário
Deslizando sobre montanhas sem faces
Onde todas as noites o pássaro canta
Para os olhos dos astros
Versos tortos e tristes.
Jane Krist
São Paulo, 19 De Agosto de 2007, muito calor e o ar seco.
Lágrimas ocultas
(...)
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca