Ansiedade
É Polifemo na caverna
me encurralando com seu olho cego
e eu fantasiado de hollow man,
o herói do buraco no peito,
encarando de volta
o abismo que sorri pra dentro de mim.
estes dias não tem dança
e tropeço nos passos da sociedade
de quem está à espera de algo.
há sempre alguém esperando
do outro lado
enquanto rastejo neste campo minado
dos meus pensamentos
que exemplificam inadequação
eles cobram aceitação e
jovialmente cantam que irá passar
como se entendessem como é passar
de nada mais que a atração principal
em um show de entretenimento banal.
mas na apresentação que só eu conheço
quando as cortinas se fecham
e a luz fica impedida de entrar
o vazio sorri
zombeteiro e imprudente
petrifico no escuro
como olhar nos olhos do monstro ctónico
que não consegue descansar;
os meus olhos nunca descansam
enquanto as serpentes dançam
no lugar dos meus cabelos.
eu vejo tudo, eu escuto
o trem do lado de fora
corre sobre trilhos infinitos
e em cada vagão milhões de vozes
que não se calam,
que gritam intermináveis impossibilidades
que se volvem a extraordinária verdade.
e no fim da noite estou vendido
e desejando sair
logo cedo
eu não penso em sair
a barba cresce,
as roupas não servem mais
meu pior inimigo está dentro de mim.