Ansiedade

É Polifemo na caverna

me encurralando com seu olho cego

e eu fantasiado de hollow man,

o herói do buraco no peito,

encarando de volta

o abismo que sorri pra dentro de mim.

estes dias não tem dança

e tropeço nos passos da sociedade

de quem está à espera de algo.

há sempre alguém esperando

do outro lado

enquanto rastejo neste campo minado

dos meus pensamentos

que exemplificam inadequação

eles cobram aceitação e

jovialmente cantam que irá passar

como se entendessem como é passar

de nada mais que a atração principal

em um show de entretenimento banal.

mas na apresentação que só eu conheço

quando as cortinas se fecham

e a luz fica impedida de entrar

o vazio sorri

zombeteiro e imprudente

petrifico no escuro

como olhar nos olhos do monstro ctónico

que não consegue descansar;

os meus olhos nunca descansam

enquanto as serpentes dançam

no lugar dos meus cabelos.

eu vejo tudo, eu escuto

o trem do lado de fora

corre sobre trilhos infinitos

e em cada vagão milhões de vozes

que não se calam,

que gritam intermináveis impossibilidades

que se volvem a extraordinária verdade.

e no fim da noite estou vendido

e desejando sair

logo cedo

eu não penso em sair

a barba cresce,

as roupas não servem mais

meu pior inimigo está dentro de mim.

C Freck
Enviado por C Freck em 11/10/2017
Código do texto: T6139228
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