SOMBRAS

Sombras em meu quarto na noite escura

Não me amedrontam e não me ameaçam

Pelos meus sonhos elas então viajam

Sem segredo, sem nada de sagrado

Sem sangrar pela parede afora

Sombras em meu quarto em horas de solidão

Não acalentam meu peito derretendo no tédio

Não arranca de mim o que me corrói

Abraçam-me como a corda abraça o pescoço

Enquanto meu pensamento se expande na brisa fria

Sombras que assistem o declínio de um ser

Afogado em seus sonhos azuis

Não se contentam em apenas presenciar

Pegam as minhas mãos trêmulas

E as fazem esmurrar o papel

Até se converterem em poemas

Sombras, companheiras inseparáveis

Ninfetas em minhas insônias

Transformando em versos

Minhas lágrimas regadas a vinho

Enquanto eu me debato

Com as minhas lembranças pontiagudas

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 19/09/2017
Código do texto: T6118632
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