SOMBRAS
Sombras em meu quarto na noite escura
Não me amedrontam e não me ameaçam
Pelos meus sonhos elas então viajam
Sem segredo, sem nada de sagrado
Sem sangrar pela parede afora
Sombras em meu quarto em horas de solidão
Não acalentam meu peito derretendo no tédio
Não arranca de mim o que me corrói
Abraçam-me como a corda abraça o pescoço
Enquanto meu pensamento se expande na brisa fria
Sombras que assistem o declínio de um ser
Afogado em seus sonhos azuis
Não se contentam em apenas presenciar
Pegam as minhas mãos trêmulas
E as fazem esmurrar o papel
Até se converterem em poemas
Sombras, companheiras inseparáveis
Ninfetas em minhas insônias
Transformando em versos
Minhas lágrimas regadas a vinho
Enquanto eu me debato
Com as minhas lembranças pontiagudas