Asmática
Um dia, te respirei de forma aflita,
era você meu ar, respiração bendita.
Te suguei, aspirei sôfrego, carente,
guardei-te cá dentro, prá ter-te sempre.
Só não reparei que fugias de mim,
não notei o ar, aos poucos ruim.
Um dia, acordei sem teu ar sagrado,
procurei-te em todo canto, desesperado.
Busquei aflito nas veias, ossos, coração,
dei por mim sorvendo gases da solidão.
Então, fiquei só com as migalhas deixadas,
a alma asmática chora triste, abandonada.