CARTAS DO BARALHO

CARTAS DO BARALHO

Todo percalço se desfez com os pés descalços

E sem perdão a laringe se desgasta

Se escondendo em muitos ontens

Quando a voz jorrava os trovões de muitas águas

E bravamente saía o Sol radiante

Radiante por deslumbrar...

E de todos pecados meus

Banha de sangue

O punhal no altar

7 quedas

Agora a vida vem e se esforça

Para me devolver o cata-vento de criança

“Judas foragido em paz”

E não basta sorrir

Não basta amar

Pois o choro meu

Chega montado em crisântemos

E vindo de um apocalipse diferente

Pois morrer é jorrar o ar que na noite fria alucina

Assim morrer assim

É mais que agonizar, é o blefe do baralho

É o louco do Tarô

Sempre posto nos ciclopes de fogo

Sempre exausto

Eu caio a caminhar

Leonardo Daniel

12/09/17