Sopros
Riscastes o chão com duas iniciais,
tempos atrás duas letras compostas,
dois fonemas de um só som,
e agora só existe silêncio,
congelando no frio do inverno,
neve cobrindo os rabiscos de outrora,
cores escondidas sob camadas de gelo,
perdendo suas curvas e significados,
soterradas na indiferença da estação,
enquanto o esquecimento apaga as memórias...
Quando o sopro de um beijo se perde no caminho,
o que fica para trás é saudade do que nunca foi,
o abraço jamais caloroso no vento de outono,
o toque não sentido no desaparecer do movimento,
o coração acelerado desfibrilando no leito de um PS,
o sorriso oculto na lágrima que teima se fazer presente,
ditando os sentimentos não-ditos à cada manhã,
ou as orações não finalizadas à cada noite,
personificando a rosa que só conservou espinhos,
enquanto as pétalas soltas voaram na tempestade...