eles estão tão solitários quanto eu

os cães latem
aqui dentro.
mas a lua não pode
ouvir.

lá fora os uivos de nossa
geração
preenchem as ruas final
de semana após final de
semana.
noites tão longas
que respirar é difícil,
que gritar
polui os pulmões com a sua própria
solidão, descansada pelos dias
arrastados de lágrimas acorrentadas.

e devemos seguir assim.
impacientes com a chegada,
querendo aproveitar cada segundo
das fotos tiradas sem olhar para
os ponteiros.
compartilham piadas, compartilham
risadas, mas tudo o que vejo são
palavras sujas num coral de fumaça
que me enfraquecem enquanto espero
outro drinque.

há uma voz que preciso ouvir,
há uma risada que preciso ver.
as luzes místicas e o mundinho
imundo do outro lado das cercas
de ferro não me deixam descrever
minhas dores.

os cães latem lá fora,
a lua brinca com eles,
e quem irá me dar o que preciso
para vê-los?
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 26/08/2017
Código do texto: T6095446
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