Esperando a morte
Esperando o corte,
sem sangria,
sem hemorragia,
sem verborragia.
Assim vamos envelhecendo.
O silêncio corta a palavra
ao meio.
De um lado, a semântica.
De outro lado, a sintaxe.
De um lado, o signo.
De outro lado, o significado.
Há um abismo sobrevivente
Nas pausas, na ortografia
Intrincada de vocábulos alienígenas.
Há o monstro da sintaxe...
O predicado era vassalo do sujeito.
O sujeito era servo do rei
Que por sua vez, não reinava.
O poder absoluto da ordem.
Da razão prepotente.
Desordenava sentimentos.
Desalinhava os chacras
Desdenhava do tempo.
Estamos todos esperando
A morte.
O sono eterno.
A desintegração.
E tudo que nos resta
É viver com o fardo de
Ser finito.
De ser uma obra incompleta.
Com reticências camufladas
Em vestígios,
escritos e
poemas...
Somos insetos pensantes.
Somos crianças dialéticas
A procura de afeto
Que nos baste.
Que nos acalante.
E, quando então, em conforto.
Singular deixamos de
Brincar na gangorra
das emoções...
Quando finalmente aprendemos
o boomerang trazer de volta
o arremeso...
Esi que somos arremessados.
Vem o tempo
E, subitamente informa:
Acabou.
Se finito.