LÁGRIMAS CRUÉIS
Eu tenho me afogado em minhas próprias lágrimas.
Olho pros lados e pareço estar só.
Resta deitar-me sobre a cama fria; minha estrutura começa a se danificar novamente. Os remendos nas rachaduras começam a se desfazer, indicando que o momento está chegando. (Sempre chega)
Então quando minhas forças estão ja escassas, a estrutura se desfaz de vez, ai elas vem com fúria. Escorrem abundantemente. Queimam. Maltratam. Doem. Perfuram a alma, transpassam o espírito, o deixam semi-morto.
Entram em revés com os autos soluços de descontentamento. São incorrigíveis.
Depois de desfazerem por completo a estrutura que demorei tanto para erguer, elas deixam de escorrer.
E claro, como se houvesse agendamento, tendem a voltar amanhã.
(Sempre voltam)
E sem sequer perceber estarei desmoronando novamente; sendo submergida em meu mar furioso de lágrimas cruéis.
E então? Que mãos me trará a tona para poder respirar? Você se foi
Que poderei eu fazer?
Enfim me despirei daquilo que me reveste
-A dádiva vida-
Irei nua. Ferida. Sem mais remendas. Sem mais estrutura também.
Então Flutuando chegarei nos mais altos. E olhando por debaixo dos meus pés verei a expressão de medo e derrota no rosto manchado de um ser que não suportou a escuridão dolorosa do pior parasita da vida
-a solidão-
Então olhando ao redor verei outros que estarão a uma peça de se despirem também de seus espíritos. E por fim, sentirei nojo do que deixei por lá.