Vozes veladas
No espaço, o fino sonho,
o lânguido aço que refaz o destino.
Uma lâmina corta a certeza
numa única tentativa.
E o frio... O frio se espalha e chega onde ninguem procura.
O escasso modo rotineiro,
a labuta condicionada em batalhas cegas,
o verde veloz da pelicula da vida
ceifando horizontes e rumos.
Sobre o véu veludo,
a verdade absoluta
como arma resoluta,
que finda e escancara a transparência:
nada, senhores, nada se opôe à tentativa de mascarar
a alegria com ramalhete bem visível,
assim mesmo, de petalas e espinhos.
O espaço... Nosso laço descompassado,
arremessando tempestades de vento
sobre nossa saída inesperada.
O cálice das emoções,
o instante das despedidas,
são todas idéias vendidas
pela nossa vontade.
Vozes veladas na escuridão
da chuva de folhetos em tamanho gigante.
Lá está escrito a mensagem contemporânea
de uma admirável vida nova.
Sobre o sopro do acaso,
a orgia desenfreada e faminta,
o caminho vil e raso
como uma saída mais sucinta.
Medida de emergência que condena a criatividade,
mas que aqui cabe
para enfeitar
os fragmentos dessas idéias irreais.