Crise Existencial?

Gostaria que alguém me ensinasse a amar,

Pois eu já cometi muitos enganos quando tentei me apaixonar

É que o meu coração não aguenta mais se machucar

Será que não existe uma fórmula? Um guia?

Bem que eu gostaria que a resposta estivesse na esquina

Mas se fosse tão simples, não haveria poesia

Às vezes não sei o que há de errado com a minha vida

Me sinto muito deslocado, em um mundo inabitável

Como se eu fosse o único ser restante da espécie de apaixonados

Mas nada, e ninguém, me tira o poder do sonhar,

Imaginar mãos dadas a caminhar para um misterioso lugar,

Sobre as nuvens da criatividade a nadar,

Nada com o que se preocupar, apenas o tum-tum do meu coração a cantar

Sem me mover para nenhum lugar e com sentimentos puros

E meu sonho termina ao nascer do dia e me vejo segurando o travesseiro.

Talvez um poema conquiste uma flor

Mas não sou capaz de compor um, talvez uma carta de amor?

Agora questiono se meu sentimento possui ou não valor

Às vezes olho para a janela e me indago onde estou,

Pois me sinto deslocado, um cavaleiro sem seu fiel cavalo,

Inútil como um Arthur sem um reinado

Apenas existindo, apenas ocupando espaço,

Almejando uma companhia para me sentir motivado

Me fazer sentir, me servir de musa para um porta retrato.

Mas está tão difícil se declarar

Está tão difícil confiar

Que meu coração tem medo de apostar na roleta

Pois o resultado pode ser uma nova tristeza

A sorte está com aqueles que, em meio a esse caos,

Encontrou uma princesa.

Mas talvez o amor não seja o remédio

Talvez o que estou sentindo não seja depressão, e sim tédio

Talvez eu só precise de uma miragem, agradável, neste meu deserto

Não me parece familiar este sentimento perverso,

Que trama a destruição do meu lado singelo,

E que eu descrevo com pequenos e modestos versos

Sãos os minuciosos dos gestos que me tornam único,

Mas nem por isso estou incluso, tornei-me inseguro

Passo o dia me protegendo do mundo,

Feito o bicho-papão se escondendo no escuro

Com medo dos seres sujos, dos falsos e injustos,

Que mutilam aqueles que agem com um sentimento puro.

Passei a ter uma cabeça caixa-preta

Fechada para tudo, até mesmo a direita, ou esquerda

Minha escrita tornou-se mais pesada

Com a mão tremula, eu fantasio em palavras, uma noite estrelada

Apenas para nutrir minha paz atualmente abalada.

Alguém me ensine o que é o amor verdadeiro?

Como sei se é real o que estou vivendo?

Seria a saudade um vestígio concreto do amor certo?

Alguém me diga se sou uma pessoa de verdade

Se o que sinto é normal, que não sou uma atrocidade

Me preocupo se estou fazendo corretamente a minha parte

Não minto quando digo que gosto de alguém,

Mas será que mentir as vezes não me faria bem?

Pois quando digo a sinceridade, logo me expulsão,

Justificando-me que não é por maldade.

Alguém me ensine, estou perdido

Não sei se meu comportamento faz sentindo

Não sei se sou o modelo previsto para este mundo ilícito.