O mármore e o mal-estar civilizatório
É fato o marmóreo transfigurado
homem que te tornaste, moderno,
arrebataram-te forças narcísicas,
espelhos midiáticos no esperado
êxtase furtante de um inferno
loquaz de cruzes metafísicas
mergulho necessário o interno
a um sonho tão profundo
que de fantástico tornam-se místicas
peças de carro ou artísticas,
alhures jamais vu crime hediondo
será ver-te perdida, existência,
entre pomares de essência,
em fome e sede abstratas, "arcaicas",
rendida, pétrea, serás memória
conflitante, sem vontade própria?
Solidão, rainha de agrestes áridas
almas, teu trono comprometido
de encontro a um juízo corrompido,
trincado, irá ceder à loucura
de nonsenses viramundos
os lapsos, então, não mais profundos
magnetizar-te-ão a uma pura
viagem consciente surreal
o que não é uma gota de "mal"
à essa "ética" pós-moderna?
Pedra quebrada menor
que seja a Prometeu eterna
vingança em prova de amor
trazendo um pouco sabor
a desertas, em tantas águas
mergulhadas, acorrentadas
feito danças em poços de mágoas,
inquietas feito filme em nossas vidas
"Prazer, sejam bem-vindas!
Deliro, saltimbanco, nas casas
Sou vagas e oportunidades
que deixaste, sou rezas
em vão que oraste, serei
terrores ou felicidades
Dê-me a mão, este é o mundo,
o universo e seu cosmo
ou escolhe ser corrompido
ou te entrego ao marasmo!"