O MENDIGO
O MENDIGO - João Nunes Ventura=06/2017
Já vi um velho chorando
Além de bêbado aleijado,
Com uma perna cortada
Da vida se lastimando,
Andava mendigando
Migalhas pelas calçadas,
Até altas madrugadas
Pedia para beber,
Seu destino é morrer
Pelas beiras das estradas.
Se ele pede é que tem fome
Trabalhar não pode mais,
Ele agora é incapaz
Já esqueceu o seu nome,
Se lhe negam ele não come
Ainda agradece feliz,
Mais o destino quis
Que ele pedisse pela rua,
Quem é cotó continua
Sendo um pedinte infeliz.
Sem roupa e sem calçado
Sujo de dormir no chão,
Fazendo sua oração
Já que vive maltratado,
Além de ser enganado
Recorda o que já viveu,
Que sina Deus lhe deu
Viver feito um vagabundo,
Não há cristão nesse mundo
Que tanta dor padeceu.
O tempo foi se passando
A bebida lhe consumindo,
A doença surgindo
E a velhice chegando,
Com o passar dos anos
Sonhar ficou para trás,
Andar não é capaz
Suspira lamenta e chora,
Nem mesmo a sua esmola
Pedir não pode mais.
Sem companhia sem irmão
Perambula e sente frio,
Enfrenta o seu desafio
Vai vivendo de ilusão,
Sente a dor no coração
Agradece e vai embora,
Cada dia a dor piora
Já não tem tanta alegria,
É viver na agonia
Bebendo e pedindo esmola.
O seu nome era José
Conhecido por cotó,
Sem amigo vivendo só
Também filho de Nazaré,
Veja a vida como é
Pobre não tem valor,
Já perdeu até o amor
Que tinha por essa vida,
Só se lembra da bebida
Pra diminuir sua dor.
Há muitos anos escrevi essa poesia, baseado na vida real, o mendigo José-(Cotó), perambulava pelas ruas do Recife, pedindo a sua esmola, agora vive no céu no descanso celeste,