SOLIDÃO
A solidão é reticências,
Dor nas linhas e entrelinhas,
Falta de abraço, de amor, carências,
Acontecências, nostalgias curtidas sozinhas.
A solidão dói, rói, desconstrói o presente,
Entristece a vida, a sina, muda nossa aura,
Deixa o coração frágil, fragiliza a mente,
Uma dor inominável no peito se instaura.
A solidão incomoda, perturba, atrapalha
A vida, o presente, o futuro, o coração,
Permite chorar, em silêncio a dor se espalha,
Pelo corpo, pelas veias, um estado sem solução.
A solidão insiste, não desiste, resiste,
Não há ocupação que a varre de dentro,
Da alma, do meu subjetivo, do eu triste,
Encaminha-se, instala-se, transforma-se em centro.
A solidão, antes de dor, é tormento, lamento,
Mistura e confunde coração e mente em pensamento,
O choro vem em silêncio, emaranhado, amarrado,
À vida, aos sonhos, presente, futuro, passado.
A solidão não permite fuga,
Nem o álcool alivia, ao contrário, mais suga,
As recordações do fundo da alma,
Só o tempo – que não cura – ressalva.