CAMINHAR ENVOLTO EM DOR
Por que ainda todos os dias renascem a aurora?
Por que os rios correm sem se perderem para o mar?
Por que em vão ainda tento o destino controlar?
Se hoje não tenho mais os amores de outrora.
Por que sem avisar, o tempo passou?
Por que me anestesiei e não me fiz entender?
Por que não percebi o vigor do meu corpo desaparecer?
E hoje sou apenas um caminhante sem força envolto em dor.
Por que as paixões se tornaram abstratas?
Por que murcharam as flores do jardim?
Por que, sem piedade aproxima-se o fim?
E amanhã, outros passos caminharão em minha estrada.
Hoje só restou-me o horizonte de solidão,
E o sonhar com a companhia da musa amada,
Que atenua as torturas da lida amarga
Aliviando as dores cíclicas de um triste coração.